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Trabalhadores querem a verdade

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Trabalhadores querem a verdade

A revista Empresas Eletrobras, em sua edição de nº 20 (Jan, Fev e Mar 2012), informa que a Eletrosul registrou um crescimento de 260% em seus ativos, nos últimos nove anos. Passando de R$ 2,5 bilhões, em 2003, para R$ 9 bilhões, em 2011. Com esses números na ponta da língua e demonstrando um clima de euforia e otimismo, ?a avaliação da Diretoria Executiva é de que esse é só o começo de uma reviravolta histórica, já que as projeções de crescimento para os próximos anos são ainda mais positivas e animadoras.?

Tal declaração se contradiz com a apresentação que a diretoria fez aos trabalhadores(as) da sede, em 16 de março, e que foi transmitida para todas áreas pelo sistema de vídeo-conferência. Na oportunidade, a diretoria (com a presença do diretor citado na reportagem da revista) apresenta um cenário apocalíptico e o relaciona à época da privatização da Eletrosul.

O cenário de terror anunciado pela diretoria da Eletrosul repete a mesma façanha do ano passado, quando procurou justificar a implantação truculenta e arbitrária de uma nova política de operação. A diretoria, de forma sórdida, buscou imputar a culpa pelo ?alto? custo da operação aos trabalhadores da área e afirmou que isto comprometia os resultados da empresa. No entanto, até hoje, não explicou os reais motivos do atraso da construção da usina de São João. Este sim, provocou uma despesa de 135 milhões de reais e, de fato, comprometeu o resultado da empresa em 2010. Ao contrário da política de operação que, devido a eficiência dos serviços prestados, resultou em uma receita adicional de mais de um milhão de reais na parcela variável. E, agora, em 2012, a ?culpa? é de todos os trabalhadores?

OS NÚMEROS NÃO MENTEM, ENTÃO COMO SE EXPLICA ?

Em meio a tantas informações e contra informações os trabalhadores desejam, acima de tudo, saber a verdade. A depender do cenário que se projeta, a diferença de números é mirabolante. Em declaração recente, o presidente da Eletrobras estimou que ? se a renovação das concessões ocorrer de forma onerosa conforme tem anunciado o governo federal, a holding deve perder cerca de 5 bilhões de reais de receita. Contudo, na referida apresentação, foi dito que a perda de receita da holding será de 10 bilhões. Quem está falando a verdade, quem está mentindo? quem se enganou ? Quem está CERTO ?

CORTINA DE FUMAÇA

Para saber com fidelidade a real situação da Eletrosul é imprescindível que se coloque todas as cartas na mesa, que o jogo seja aberto, que não se esconda nenhuma informação, que não se diga apenas o que interessa e no momento que interessa. É necessário que se promova um amplo debate, e não apenas uma exposição. É coerente que se possibilite a manifestação de outras visões sobre o processo. Ou alguém ignora ou é ingênuo suficiente para não perceber que tudo isto aparece justamente no momento de mais uma campanha de data-base, de negociação de mais um acordo coletivo de trabalho. O ano passado a justificativa para não conceder o ganho real, conforme reivindicado pelos empregados(as), era a crise internacional.
E, agora, será as concessões que vencem em 2015? Será a contraditória e suposta crise da empresa, que aparece como num passe mágica?

CRISE DE GESTÃO E DE MODELO

Os sindicatos que compõem a Intersul afirmam que é muito fácil botar o ?bode na sala? e sair de fininho, como se não tivesse nada a ver com isto. É inconsequente incutir subliminarmente a culpa nos outros e pedir ?humildemente? sugestões para ?salvar a empresa?. No entanto, precisa-se de coragem e humildade sincera para assumir os erros da gestão e fazer, sobretudo, uma crítica séria e contundente ao atual modelo do setor elétrico que continua privilegiando outros interesses . Modelo este que, ao contrário do que se propagou com a criação da ?nova? Eletrobras, continua fragilizando financeiramente as empresas estatais e comprometendo a principal razão de sua existência: o atendimento dos interesses maiores da nação e do povo brasileiro. Botem a mão na consciência!

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