Notícias - intersul

Ir para o conteúdo

Menu principal:

Publicada em: 23/10/2013 10:10 - por: INTERSUL - Visualizações: 488

Um brinde à igualdade


Um brinde à igualdade

Em decisão inédita no país, em tema de extrema polêmica, os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, votaram a favor da constitucionalidade das políticas de ações afirmativas no Brasil. O resultado obtido no STF, dia 26 de abril, marca uma vitória significativa da nação brasileira e é expressão viva da resistência, da luta e da crença de seu povo num país mais próximo da dignidade humana.
Sem dúvida, a postura do STF, neste caso, ajudará a resgatar e promover a auto-estima do povo negro e de todos que ? independentemente da cor e da raça - se posicionam firme em defesa da vida, de uma vida mais humanizada, com igualdade social, sem discriminação e preconceito.
A atitude corajosa desses juristas expõe mais justa e nitidamente que vivemos novos tempos, portanto, o momento de desnudar de uma vez por todas tal situação vexatória e de indulgência do povo negro brasileiro. Essa iniciativa do STF vai ao encontro do exercício pleno da cidadania, alargando horizontes de oportunidades e trazendo novas perspectivas de entendimentos humanos e de inclusão social.
As políticas de ações afirmativas e, de modo especial, as cotas raciais, tão criticadas no espírito mais execrável e destrutivo, desqualificado, desconectado de qualquer reconhecimento histórico, conquista agora densidade jurídica. Ávidos em caráter segregacionista, como também no projeto de desconstrução dos princípios de igualdade, encontrarão também na área legal obstáculos a suas pretensões conservadoras e atrasadas ? intoleráveis a uma sociedade contemporânea.
Gestos como do STF propiciam no seio da sociedade pensamentos e atos que permeiam a justiça, a cidadania, o bem estar e, sobretudo, a convivência harmoniosa que tem como patamar o respeito às diferenças. O Brasil tem como principal aliado a necessidade dessa política, tal assertiva é abonada pelo imenso fosso social entre negros e não negros, realidade que contrasta com a tão propalada democracia racial.
Não podemos continuar refém de condição tão desumana que, sem dúvida, dá mostras ao mundo de nossa indignidade e crueldade tendo como paradigma o modelo escravagista que mantém o negro as margens da sociedade.
Tal votação que resgata a altivez do povo negro brasileiro, mostra também que muito há o que fazer para que possamos ao menos modificar dados estatísticos atuais, desfavoráveis a esse segmento da sociedade.
No auge da comemoração de tal acontecimento histórico aflora nossa lembrança lamentável postura da Eletrosul que desprezou Acordo Coletivo de Trabalho, retirando do concurso público a garantia de acesso do negro por intermédio de políticas de ações afirmativas, de reserva de cotas. Tema muito polemizado e amplamente discutido pela categoria, aprovado em assembleias e plenária de data base e sendo aprovada também pela diretoria da Eletrosul, no período de negociação coletiva, e que voltou atrás depois.
A Eletrosul perdeu assim oportunidade de amenizar a mancha de seu envolvimento com a discriminação racial, em função da demissão de um empregado por ser negro. A Central Única dos Trabalhadores, em 1992, denunciou à Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre outras ações discriminatórias, também o caso do trabalhador da Eletrosul que repercutiu no país em nível internacional. Através de ação judicial, cuja decisão foi inédita no país, o empregado foi reintegrado.
Enfim, a Eletrosul mais uma vez deixa de estar na vanguarda, na elaboração e implantação de política direcionada ao segmento que experimenta, também no mercado de trabalho, as dificuldades de contratação e ascensão.
Diante disso, nos resta enaltecer as Universidades, o Itamarati, as Prefeituras comprometidas em construir um novo modelo de sociedade, que atenda a necessidade de um país verdadeiramente democrático e buscam suplantar a realidade cruel que ainda envolve o povo negro brasileiro.
Somos de várias cores, sentimentos e culturas, mas somos uma só nação, onde todos devem ser tratados com equidade e distinção.


Intersul - Intersindical dos Eletricitários do Sul do Brasil
Voltar para o conteúdo | Voltar para o Menu principal