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Publicada em: 23/10/2013 10:10 - por: INTERSUL - Visualizações: 663

EVASÃO DE TALENTOS NA ELETROBRAS


EVASÃO DE TALENTOS NA ELETROBRAS

PDI joga no mercado pessoal especializado, formado em décadas, e gera vácuo de conhecimento na empresa

Por quatro décadas o engenheiro Luciano Carneiro atuou e acumulou conhecimento em atividades no Grupo Eletrobras. No auge da carreira, assessorou a presidência, trabalhando diretamente no planejamento do setor elétrico brasileiro. Mas, há cerca de um mês, deixou a empresa na mesma leva em que sairão, até 13 de dezembro, 4,3 mil empregados, que aderiram ao Plano de Demissão Incentivada (PDI); uma solução orçamentária para a companhia, após a imposição de queda de receita pelo governo. Carneiro irá abrir um instituto para repassar o conhecimento adquirido a novatos do setor, inclusive de concorrentes da estatal, e projeta atuar, até mesmo, em países da África, onde a Eletrobras ajudou a estruturar o sistema elétrico para, em seguida, retirar-se. Em trajetória semelhante, Alcimar Tomas, após 37 anos de dedicação, deixará a Eletrobras até o fim do ano para ser “taxista ou corretor de imóveis”. E Adilson de Souza, com 38 anos de experiência, “vai para casa para ficar uns tempos sem planejar nada”. “O problema do PDI é que não é a empresa que escolhe quem sai. É voluntário. E a tendência é que saiam os melhores, com mais possibilidade de recolocação no mercado. O impacto para a companhia depende da sua ambição. Se a intenção é alterar o papel estratégico que possui hoje, os danos são menores. Mas é claro que tem impacto”, ressalta o professor do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da UFRJ Edmar de Almeida.

Todo o conhecimento adquirido em décadas de trabalho na empresa responsável pela montagem e condução da infra estrutura elétrica no país será transmitido aos que permanecerão em seus cargos no curto período de cinco meses — de julho, quando o primeiro grupo de demitidos deixou a companhia, a dezembro deste ano, data da última saída em massa. Nesse intervalo de tempo, os que aderiram ao PDI são obrigados a preencher um formulário, no qual descrevem o cotidiano dos seus trabalhos, uma tentativa da empresa de reter o conhecimento, conta Tomas. “ Preenchi rapidamente o formulário de repasse de conhecimento, o que teria que ter feito até o dia18, mas não consegui. Nos próximos meses, aproveito para continuar transmitindo minha experiência a quem fica, no meu dia a dia”, afirma Tomas, responsável pela marcação de viagens de funcionários da controladora do grupo. Souza diz que, a três meses de se desligar, ainda debate com a chefia do departamento financeiro um plano de transição, para tentar deslocar a experiência adquirida ao longo de décadas. “Entrei como contínuo e estou saindo como economista. Conheço todas as divisões do meu departamento”, ressalta. Já Carneiro é explícito na crítica ao processo de transição da experiência dos funcionários. “A Eletrobras não se preocupa como know how que está perdendo. Não há treinamento de transição. Só existe a preocupação de redução do efetivo”, contesta. O que considera um vácuo de conhecimento especializado no setor de eletricidade como conseqüência do PDI, Carneiro irá utilizar como matéria prima no instituto que está criando junto com quatro ex-funcionários da Eletrobras. Aos 70 anos, ele admite que não tem chance de se recolocar no mercado. Em compensação, os profissionais que ingressam nem de longe têm a sua experiência, diz ele. “O mais fácil foi partir para o meu próprio negócio, prestando consultoria em conservação de energia ou em treinando novatos no setor, que possui uma carência muito grande de recursos humanos”, relata. A ideia é prestar serviço para qualquer empresa, inclusive para a Eletrobras e, possivelmente, a companhias do segmento de energia que não lidam somente com o negócio de eletricidade, como a Petrobras. “Tem muita gente operando o sistema sem saber o que está fazendo”, argumenta.

A Eletrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que as “empresas do grupo estruturaram planos para o repasse do conhecimento e eles estão em andamento”. A estatal informa que, após o PDI, mantém a proporção de profissionais envolvidos à sua atividade principal, de 55%, em comparação aos empregados de apoio, de 45%. A idéia é que a relação de trabalhadores focados na operação do sistema elétrico alcance 80% com o passar do tempo, com a redução gradativa do pessoal de apoio.

"Todo o conhecimento adquirido
em décadas de trabalho na empresa
responsável pela montagem
e condução da infra estrutura
elétrica no país será transmitido
aos que permanecerão em seus
cargos no curto período de cinco
meses — de julho, quando o primeiro
grupo de demitidos deixou a
companhia, a dezembro deste ano,
data da última saída em massa"


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