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Publicada em: 23/06/2023 00:06
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boletim_intersul_027-23_de_23_06_Plano_para_destruir_a_Eletrobras

Reproduzimos na íntegra boletim da AEEL( Associação dos empregados da Eletrobras)

 

O plano de destruição da Eletrobras orquestrado por Wilson Ferreira Pinto Junior, o Conselho de Administração, os vice-presidentes e a 3G Radar.

No dia 20 de junho a diretoria da Eletrobras divulgou o novo Plano de Demissão Voluntária (PDV) para todos os trabalhadores do Sistema Eletrobras. O plano, que faz parte do projeto de transformação, tem como meta a demissão de aproximadamente 1.600 trabalhadores concursados da Eletrobras Holding e das concessionárias Furnas, Chesf, Eletronorte e CGT Eletrosul.

 

Em 2022 a empresa efetivou o desligamento de aproximadamente 2.500 trabalhadores, com aplicação de PDV e demissões de elegíveis que não fizeram adesão ao plano. Com a efetivação deste novo PDV, a empresa pretende chegar a 4 mil demissões de um total de 10,5 mil trabalhadores (base junho de 2022). Desta forma, em tempo recorde - inferior a 2 (dois) anos, a Eletrobras promoverá a demissão de 40% de seu quadro de trabalhadores.

 

Essa atitude da atual diretoria trará sérias consequências para a Companhia, comprometendo o fornecimento e transmissão de energia elétrica no país. As demissões e a degradação das condições de trabalho, que estão ocorrendo nas áreas operacionais e administrativas da Eletrobras afetarão a qualidade dos serviços, com aumento de ocorrências nas atividades operacionais de geração e transmissão de energia, podendo inclusive comprometer o processo de recuperação da economia – que no momento está no foco do governo e da sociedade em geral.

 

O argumento da Companhia de que haverá contratação de novos empregados para reposição dos profissionais que estão saindo é pura falácia, pois o risco de explodir um sério problema no setor elétrico é grande, considerando que as novas contratações precisam de capacitação, treinamento e aculturamento operacional, o que não é feito da noite para o dia – expertise não se compra em prateleiras de supermercado, é necessário tempo, dedicação, poeira na bota e muito investimento para formar profissionais capacitados para operar e manter os sistemas elétricos das empresas Eletrobras.

 

Por isso, os desligamentos devem ser feitos com muita responsabilidade e somente após a capacitação e ambientação dos novos empregados. Reforçamos que a referida capacitação desafia o processo de aprendizado tradicional, pois não é feita de uma hora para outra e nem em um único dia, em face da complexidade dos conhecimentos, habilidades e atitudes requeridos para execução das atividades, dentro dos parâmetros exigidos para garantir a segurança das pessoas e das operações – fazer diferente é apostar na sorte e subestimar os riscos.

 

Nesse sentido, para garantia da segurança do setor elétrico nacional, é importante que se adote um processo de retenção e transferência de conhecimento entre novos e antigos por no mínimo 12(doze) meses. É inegável que a conjugação de demissões, degradação das condições de trabalho e terceirizações, potencializa os problemas operacionais e afetam sobremaneira a saúde biopsicossocial dos trabalhadores, podendo provocar ainda mais o aumento do número de acidentes de trabalho. Anuncia-se, assim, o fim de uma era na qual a Eletrobras resguardava a segurança energética (elétrica) do país.

 

As empresas Eletrobras nasceram com o objetivo de acabar com os apagões, especialmente os que frequentemente atingiam a região sudeste e nordeste durante as décadas de 50 e 60 quando essas regiões eram atendidas por empresas privadas. E, até recentemente, tivemos exemplos onde a atuação da Eletrobras foi fundamental para garantir o acesso à energia elétrica, como, por exemplo, o desastre provocado pela empresa privada Vale, quando a Eletrobras foi convocada para fazer os estudos dos impactos sobre as barragens de água das usinas atingidas; e no caso do apagão no Amapá, quando a Eletrobras Eletronorte foi chamada a corrigir os problemas provocados por uma empresa privada estrangeira, controlada por um fundo especulativo.

 

Todavia, a Eletrobras não terá mais a capacidade de resguardar o país depois que a atual diretoria conseguir implementar seus planos e acabar com a capacidade técnica da Companhia. Não se promove um esvaziamento de uma empresa estratégica impunemente. O quadro abaixo mostra como as empresas de Geração e Transmissão da Eletrobras estão sendo esvaziadas ao longo dos últimos anos e o quadro crítico que o futuro aponta com as próximas levas de demissões:

A expulsão de trabalhadores experientes, com anos de história e competência acumulada durante anos de atuação, além de representar uma grande perda técnica para o setor e um risco para o país, é também um ato de grande desrespeito com quem construiu essa empresa com as próprias mãos.

 

A apresentação de um PDV tão rebaixado soa como um insulto! E essa é apenas parte da história, pois já se escuta falar nos corredores sobre planos ainda mais perversos, que exigirão muita união e muita luta dos trabalhadores. De outro lado, notícias de jornal e áudios vazados comprovam aquilo que estamos repetindo há tempos: a Eletrobras foi vítima de um grande esquema durante sua privatização! Um esquema planejado para beneficiar um pequeno grupo de bilionários, liderado pela 3G Radar, que colocou seus representantes na direção da empresa. O objetivo deles é apenas obter o máximo de lucro no menor tempo possível, nem que para isso eles acabem destruindo a empresa, como fizeram com as lojas Americanas.

 

Por isso, eles promovem demissões em massa, enquanto o maior investimento da empresa não é em uma linha de transmissão ou em uma nova usina, mas sim na recompra de ações, um investimento especulativo. Isso mesmo, hoje, o principal investimento da empresa que construiu a base do setor elétrico brasileiro é financeiro e especulativo. Em todas as suas decisões, inclusive com o atual PDV apresentado, o comando da Eletrobras mostra que não respeita a história dos trabalhadores, não respeita a história do nosso setor elétrico e não respeita a história do nosso país.

 

E é por isso que continuaremos lutando por mudanças, que têm que começar pela retomada dos 43% do poder de voto que pertencem a União! Nesse embate, é imprescindível que os trabalhadores estejam junto dos sindicatos e associações que estão fazendo a luta! Não existe solução individual para superar esses desafios! Apostar nisso é nos colocarmos uns contra os outros. É hora de lutarmos unidos contra esse crime de lesa-pátria!




Intersul - Intersindical dos Eletricitários do Sul do Brasil
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