Notícias - intersul

Ir para o conteúdo

Menu principal:

Publicada em: 27/03/2020 00:03
Baixar Arquivo:        Visualizar Arquivo:


boletim_intersul_005-20_de_27-03_Um passo atras no respeito a vida

Um passo atrás no respeito à vida

O protagonismo do Governo do Estado de Santa Catarina ao tomar medidas restritivas para minimizar o contágio do Covid-19, anunciadas há duas semanas, foi elogiado por todos. Infelizmente, nesta quinta-feira, dia 26, o Governo deu um passo atrás, anunciando um plano de “retomada das atividades econômicas em Santa Catarina”.

Na prática o Governo cede à pressão de entidades empresariais e do Governo Federal, caindo não só em contradição, mas também em descrédito. O anúncio da retomada das atividades se deu na sequência da divulgação da primeira morte pelo Covid-19 em nosso estado, com o recado claro: é hora de ficar em casa. Deu-se também, no mesmo dia em que o Brasil registrou o maior número de mortes (20) em um único dia.

Ao determinar a retomada, Moisés prioriza a vertente que coloca a economia acima de vidas. Nos últimos dias, proliferam as declarações minimizando o contágio e as mortes pelo Coronavírus. Roberto Justus, Júnior Durski (dono do restaurante Madero) foram dois que manifestaram que é preciso voltar ao trabalho, mesmo correndo risco de morrer. Em comum, os dois fazem parte da elite que sempre lucrou com a exploração dos trabalhadores. A mesma elite rentista que move o presidente da república.

No nível Federal, na contramão de todo o mundo, Bolsonaro e sua trupe tem bradado pelo fim do isolamento. Nos mesmos moldes da Itália (que hoje se arrepende com a mesma velocidade em que morrem seus cidadãos), Bolsonaro ameaça os trabalhadores e incentiva o retorno de todos ao trabalho para “o Brasil não parar”. Hoje, 27/03 em pronunciamento, o prefeito de Milão reconheceu que a campanha #milaonaopara (contra a quarentena) promovida um mês atrás foi um erro que ceifou milhares de vidas: “erramos”, disse. Será que daqui a um mês ouviremos algum de nossos governantes dizerem o mesmo?

O que não faltam são os ataques aos trabalhadores. Cedendo à pressão do empresariado, o retorno irresponsável ao trabalho e o abrandamento das medidas de isolamento, também poderão significar a pá de cal em debates necessários que estavam ganhando corpo, como a taxação de grandes fortunas, renda básica cidadã e taxação de dividendos, que fariam com que os lucros exorbitantes e indecentes da elite financiassem a economia mantendo a segurança e a saúde do povo brasileiro.

Como se sabe, todo líder populista carrega uma base de fiéis eleitores. A onda Bolsonaro, que levou o desconhecido Moisés ao poder em Santa Catarina, é prova disso. E pode ser também motivador do recuo neste momento. Afinal de contas, com eleições próximas e intenções de reeleição, o capital político de Bolsonaro vai ser utilizado para captar votos, mesmo que à custa das vidas dos catarinenses.

O passo atrás de Moisés é um atentado contra toda a população catarinense. Não é hora de abrir mão da proteção dos trabalhadores expondo toda a sociedade a riscos desnecessários para agradar empresários e a classe política.

Os Sindicatos que compõem a Intersul reafirmam a necessidade de proteger ao máximo a saúde dos trabalhadores. É preciso manter as medidas de isolamento defendidas pela Intersul desde o dia 17/03/2020 em correspondências à CGT Eletrosul e boletins aos trabalhadores. Os serviços não emergenciais devem permanecer suspensos. A prioridade deve ser o trabalho remoto, em regime de home office. E os trabalhadores que atuarem em atividades emergenciais devem ter equipamentos para higienização e proteção à saúde. Só assim poderemos efetivamente combater uma catástrofe e um número astronômico de mortes pela COVID-19 no Brasil.




Intersul - Intersindical dos Eletricitários do Sul do Brasil
Voltar para o conteúdo | Voltar para o Menu principal